Não é tarefa desse blog, impor o que o professor
deve fazer em sua prática pedagógica, no entanto, podemos sugerir caminhos
possíveis na melhoria do ensino de Ciências e Biologia. Trata-se, sobretudo, de
expor um diálogo proveniente de experiências com fanedição descritas em estudos
publicados na literatura atual. As considerações aqui tecidas são, portanto,
provisórias e podem vir a ser ampliadas, transformadas ou até mesmo superadas
na medida em que novas práticas de pesquisas sobre o tema estão sendo feitas.
Inclusive, recomendamos o desenvolvimento de novas
pesquisas que estejam atentas à construção e a utilização desse objeto
artístico como ferramenta didática alternativa ao contexto da educação
contemporânea nos diferentes níveis de ensino, especialmente, nos ensinamentos
dos conteúdos biológicos.
A prática da fanzinagem pode levar o estudante de
biologia a: 1) aprender sobre os assuntos da matéria com maior facilidade; 2)
escrever e efetuar leituras sobre diversos assuntos relacionados ao conteúdo da
disciplina; 3) experimentar a autoralidade e a arte; 4) fortalecer a educação
científica; 5) elevar sua autoestima; 6) realizar exercícios de reflexão; 7)
desenvolver olhares críticos sobre si e sobre o mundo; 8) experimentar a função
de pesquisador; 9) aguçar o senso estético; 10) estabelecer relações de
sociabilidade com o outro; 11) aproximar ciência e arte; e 12) deslocar-se para
o centro do processo educacional.
Por tudo isso, acredita-se que os zines podem se
constituir potentes instrumentos didáticos nas aulas de biologia, contestando
aquele ensino tradicionalista que se revela exclusivamente de modo formal e
abstrato, ou seja, com ênfase apenas em aspectos informativos, aulas
expositivas discursivas, atividades práticas irrelevantes, pobrezas nas
interações estabelecidas entre professores e alunos, entre estes últimos e seus
pares, falta de criatividade, dentre outros.
Então, é possível sugerir a utilização de zines em
aulas de biologia de diversos modos. O docente poderá utilizá-lo como uma forma
de desenvolver atividade de pesquisa em seus alunos, ou pode empregá-lo como
método avaliativo para verificar a escrita, o senso estético e a compreensão do
estudante sobre os mais variados assuntos. Ainda é possível usar os zines na
tarefa de transformar em visuais os conteúdos que são considerados abstratos e
complexos. O fazer zínico, também, permite ao educando ir a campo coletar
dados. Por outro lado, o zine pode funcionar, na escola, como veículo de
comunicação que propague informações relevantes do e no meio escolar.
Outra sugestão muito relevante aos professores de
biologia, refere-se à questão da feitura e distribuição de zines voltados para
os problemas ambientais existentes na cidade onde estes encontram-se inseridos.
Essa é uma forma de conhecer as problemáticas ambientais existentes nas
proximidades, entendê-las, debatê-las e refletir sobre suas consequências na
vida da população. Além disso, a distribuição de zines entre escolas,
professores, alunos e outros tipos de sujeitos pode ser um meio eficaz para
trabalhar a sensibilização sobre os cuidados que devemos ter com o meio onde
vivemos. Enfim, pensar nos modos de aplicações dos fanzines é conhecer um
universo de possibilidades.
No entanto, devem os professores ter em mente que,
como diz Maranhão (2012), “se um professor se sentir motivado a implementar o
fazer zínico no cotidiano de suas aulas, ele deve ser capaz de seduzir seus
alunos para o exercício que está propondo”, já que em nossas escolas, não raro,
encontramos alunos desmotivados e pouco entusiasmados em integrarem às
atividades propostas pelos docentes. Daí ser provável que alguns profissionais encontrem
dificuldades nesse sentido. Professores que ousarem experimentar a fanedição em
suas aulas, certamente, terão que estar abertos a desafios e a experimentações.
Mais uma última consideração, zines não são
artefatos que salvariam o ensino. O fazer zínico não dá início, de modo
automático e direto, a atitude de reflexão crítica e social. Para que isso
aconteça ele deve estar associado a uma prática que lhe permita isso. De outro
modo, embora prazeroso, o ensino de ciências pode continuar empobrecido, quando
pretende apenas a construção de conhecimentos formais. Isso é algo que deve ser
pensando.
Há, sobretudo, fortes razões para considerarmos que
o zine carrega consigo um leque de possibilidades educativas para os ambientes
escolares, inclusive, para o cenário das aulas de biologia. Diante disso,
arrisco perguntar se os professores não gostariam de implementá-lo no cotidiano
de suas aulas, experimentando-o e adaptando-o as suas realidades, com vistas, também, na proposta de (re)
aproximação entre ciência e a arte.
1 comentários:
Olá! Sou professora de Biologia atuante no ensino médio público. Tenho experiência na confecção de fanzines como bolsista do PIBID com o tema sexualidade, contudo ainda não em sala de aula. É sempre interessante estar abrindo possibilidades para os estudantes estarem se apropriando do conhecimento e de fato essa é uma maravilhosa forma de iniciar a caminhada. O processo pode ser dificultoso, como todo inciar em algo novo, contudo acredito que com o desenrolar da atividade ao longo das aulas trará muitos benefícios no ensino-aprendizagem do aluno, já que está como autor de sua própria aprendizagem.
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